Pesquisa inédita testa café conilon no frio e a mais de mil metros de altitude no ES
Pesquisa inédita investiga comportamento do café no frio e plantado a mais de mil metros Uma pesquisa inédita desenvolvida pela Universidade Federal do Espí...
Pesquisa inédita investiga comportamento do café no frio e plantado a mais de mil metros Uma pesquisa inédita desenvolvida pela Universidade Federal do Espírito Santo (Ufes) está investigando como o café conilon reage ao frio e à altitude em regiões acima de mil metros, em Venda Nova do Imigrante, na Região Serrana capixaba. Até então, o cultivo em condições extremas era considerado inviável para a espécie, geralmente associada a climas quentes e regiões de baixa altitude. Segundo os pesquisadores, pelo menos três clones apresentaram desempenho acima do esperado, com produtividade semelhante à do arábica. Outros três tiveram baixa adaptação e praticamente não resistiram às baixas temperaturas. 📲 Clique aqui para seguir o canal do g1 ES no WhatsApp A lavoura experimental está localizada no distrito de Alto Caxixe, aos pés da Pedra Azul, um dos pontos turísticos mais conhecidos do Espírito Santo. A área pertence a uma propriedade particular usada para turismo de experiência, e foi cedida pelos proprietário em uma parceria com a universidade. O projeto é coordenado pelo pesquisador Fábio Partelli, do campus da Ufes em São Mateus, no Norte do estado, e vem sendo desenvolvido há cinco anos. Foram levados para as montanhas 24 clones de café conilon, originalmente adaptados a regiões mais quentes, como São Mateus, Nova Venécia e Marilândia. 🔎 Sobre a pesquisa 🔥 O café conilon é mais adaptado a regiões quentes ❄️ A pesquisa busca plantas resistentes ao frio e à altitude 🌱 Primeiros resultados são promissores ☕ São avaliadas produtividade, qualidade do fruto e sabor da bebida ⭐ Objetivo é selecionar cultivares para cafés especiais A ideia é avaliar como cada tipo reage ao frio da Região Serrana, tradicionalmente dominada pela produção de café arábica. O objetivo é identificar quais clones podem oferecer boa produtividade sem perder a qualidade da bebida. “Percebemos uma demanda crescente dos cafeicultores em saber quais genótipos de conilon conseguem se adaptar ao frio e à altitude. Ao longo dos anos, identificamos que alguns materiais se mostraram muito produtivos e com bebida especial”, disse Partelli. Pesquisa inédita testa café conilon no frio e a mais de mil metros de altitude em Venda Nova do Imigrante, no Espírito Santo. TV Gazeta LEIA TAMBÉM: 'CAPIXABA COLOCA BANANA EM TUDO'? Do soteco à moqueca, fruta é protagonista na mesa e economia do ES CURRAL SUSTENTÁVEL: Dejetos de animais se transformam em fertilizantes, energia e gás de cozinha no ES TECNOLOGIA NO CAMPO: Fazendas economizam tempo e dinheiro com uso de drones na pulverização e impulsionam nova profissão no campo Resultados já identificados A pesquisa têm alcançado resultados considerados promissores. Os pesquisadores esperam registrar, em breve, um novo cultivar de café conilon de altitude, com cinco ou seis clones selecionados a partir do estudo. “Temos materiais que se desenvolveram com folhas viçosas e boa produção, enquanto outros apresentaram folhas amareladas ou morreram. Essa diferença está relacionada à capacidade fisiológica e bioquímica de cada planta em lidar com o estresse do frio”, explicou Partelli. Pesquisa inédita testa café conilon no frio e a mais de mil metros de altitude em Venda Nova do Imigrante, no Espírito Santo. TV Gazeta Degustação e análise da bebida Além da produtividade, as amostras dos frutos estão sendo submetidas a avaliações de qualidade. Os grãos são processados, torrados e passam por provas de xícara, realizadas por degustadores certificados internacionalmente. “Não basta ser um clone produtivo. Para ser indicado, ele precisa ter bebida diferenciada, que atenda ao mercado de cafés especiais”, destacou o pesquisador Willian Gomes, doutor em melhoramento genético e parceiro do estudo. Pesquisa inédita testa café conilon no frio e a mais de mil metros de altitude em Venda Nova do Imigrante, no Espírito Santo. TV Gazeta Segundo a produtora Roberta Aguilar, dona da propriedade que cedeu a área para a pesquisa, o projeto mostra o potencial de mercado do conilon diferenciado. “Estamos numa tendência alta, as pessoas, o mundo, a Europa, os Estados Unidos, vêm procurando conilon e a gente percebeu através desses estudos que o conilon de altitude bebe diferente, tem uma bebida especial, em relação ao conilon tradicional commodity”, afirmou. Por causa da alta concentração de sólidos solúveis, quando comparado ao arábica, o café conilon é procurado pela indústria para a produção de café solúvel. Importância para a cafeicultura O Espírito Santo é o maior produtor de café conilon do Brasil, responsável por cerca de 70% da produção nacional. O cultivo responde por 38% do PIB agrícola capixaba, com 286 mil hectares plantados e 49 mil propriedades rurais envolvidas. Segundo a Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), a produtividade média do conilon no estado deve chegar a 50,7 sacas por hectare (sc/ha) em 2025. Pesquisa inédita testa café conilon no frio e a mais de mil metros de altitude em Venda Nova do Imigrante, no Espírito Santo. TV Gazeta Embora conduzido no Espírito Santo, o estudo poderá beneficiar outras regiões. “Apesar da pesquisa estar sendo feita aqui no Espírito Santo, condições climáticas similares a essa aqui, em Minas Gerais, São Paulo, Bahia, também poderão se aproveitar e se beneficiar do estudo. Não é um estudo local, é um estudo para o Brasil. Os resultados vão ajudar a orientar os agricultores sobre quais clones são mais adaptados”, explicou Partelli. Os dados finais da pesquisa serão apresentados em novembro, durante o Simpósio do Produtor de Conilon, evento gratuito promovido pela Ufes. Vídeos: tudo sobre o Espírito Santo Veja o plantão de últimas notícias do g1 Espírito Santo