Professor que usou a mesma agulha para furar dedos de mais de 40 alunos no ES é indiciado
Caso aconteceu em Laranja da Terra, na Região Serrana do Espírito Santo, durante uma aula prática de Química. Polícia concluiu que houve risco concreto à ...

Caso aconteceu em Laranja da Terra, na Região Serrana do Espírito Santo, durante uma aula prática de Química. Polícia concluiu que houve risco concreto à saúde dos estudantes. Professor usa mesma agulha para furar dedos de mais de 40 alunos em escola Um professor de 35 anos foi indiciado pela Polícia Civil do Espírito Santo por expor a vida ou a saúde de outras pessoas a perigo direto e iminente. O docente é acusado de utilizar a mesma lanceta (objeto pontiagudo semelhante a uma agulha) para furar o dedo de mais de 40 alunos durante uma aula prática sobre tipos sanguíneos em uma escola pública de Laranja da Terra, na Região Serrana do estado. 📲 Clique aqui para seguir o canal do g1 ES no WhatsApp O caso foi denunciado no dia 14 de março deste ano, quando o pai de uma aluna procurou a delegacia da cidade. Os 43 alunos que tiveram o dedo furado na atividade eram de quatro turmas de 2ª e 3ª séries do ensino médio de uma escola estadual e têm idades entre 16 e 17 anos. O professor foi demitido na mesma semana em que o caso ganhou visibilidade. O nome dele e da escola não estão sendo divulgados para preservar a identidade dos estudantes. O g1 não conseguiu contato com a defesa do educador. Professor que utilizou mesma agulha para testar alunos é indiciado no ES Segundo a polícia, quando prestou depoimento, o professor admitiu ter realizado a aula utilizando a lanceta metálica para coleta de sangue. Ele alegou ter limpado o instrumento com água corrente, água destilada e álcool 70% entre os usos. "Durante o inquérito policial, o professor admitiu ter realizado a aula prática nos dias 13 e 14 de março de 2025, com visualização de células sanguíneas em microscópio. Ele alegou ter higienizado a lanceta de metal com água corrente, água destilada e álcool 70% entre cada uso. No entanto, a diretora da escola afirmou que o professor não tinha autorização da equipe pedagógica para essa aula prática e que a escola não possuía material descartável para tal procedimento, que requer autorização da equipe pedagógica e dos pais", disse o titular da Delegacia de Polícia de Laranja da Terra, delegado Guilherme Eberhard Soares. Alunas ouvidas durante o inquérito confirmaram que o mesmo objeto perfurante foi usado em todos os estudantes, com higienização entre os usos, mas sem qualquer aviso ou autorização dos pais. Aluna tem dedo furado com objeto pontiagudo não descartável por professor de química durante aula em Laranja da Terra, Espírito Santo Reprodução/TV Gazeta A Vigilância Epidemiológica foi acionada e realizou testes rápidos de sífilis, hepatite B, hepatite C e HIV, além de sorologias complementares, em todos os alunos envolvidos e no professor. Os envolvidos vão ser acompanhados por até 180 depois do episódio em sala de aula. Os resultados foram negativos até o momento. Apesar disso, o delegado responsável pelo caso afirmou que a conduta configura crime, mesmo sem a ocorrência de contaminação. "O crime de perigo concreto, previsto no artigo 132 do Código Penal, não exige que haja dano efetivo. Basta a criação de uma situação real e iminente de risco à saúde ou à vida das pessoas. E isso aconteceu quando a mesma lanceta foi usada em diversos alunos sem a devida esterilização", explicou o Guilherme Eberhard Soares. Unidade de Saúde de Laranja da Terra. Espírito Santo. TV Gazeta LEIA TAMBÉM: Homem é preso após esfaquear e manter esposa refém em casa em Vila Velha, ES Motorista é assassinado com pancadas na cabeça dentro de casa no ES Pai dorme ao volante, bate carro e deixa filho de 4 anos ferido no ES A Polícia Civil concluiu que a materialidade e autoria do crime foram comprovadas, e o inquérito já foi encaminhado ao Ministério Público e ao Poder Judiciário para análise e possíveis desdobramentos judiciais. O crime de exposição a perigo é previsto no Código Penal (CP) brasileiro como exposição a vida ou saúde de outra pessoa direto e iminente. A pena pode de 3 meses a 1 ano. Relembre o caso Um professor da rede estadual de ensino foi denunciado por usar o mesmo objeto pontiagudo para furar os dedos de mais de 40 estudantes, durante aulas práticas de química, que aconteceram entre os dias 7 e 14 de março, em que os alunos aprenderam sobre tipos sanguíneos viraram. Teste de sangue em escola em Laranja da Terra vira caso de polícia O caso repercutiu na cidade, de pouco mais de 11 mil habitantes, e, na mesma semana, o professor foi demitido. Uma aluna de 16 anos que participou de uma das aulas disse que os estudantes aceitaram participar do experimento porque confiavam no professor. A adolescente contou que o professor passava álcool na agulha entre um aluno e outro, o que levou a turma a minimizar a ação. "Como ele tava limpando com álcool, a gente, no calor do momento, a gente acreditou que tava tudo bem", disse a aluna. Médicos destacam que o uso compartilhado de seringas e agulhas é um comportamento de alto risco para contrair doenças infecciosas como HIV e hepatite B e C. Lâmina com o sangue retirado com a mesma agulha ante uma testagem sanguínea em aula de Química, em Laranja da Terra Reprodução/TV Gazeta Vídeos: tudo sobre o Espírito Santo Veja o plantão de últimas notícias do g1 Espírito Santo